Fronteiras Invisíveis
projeto expositivo
Título
Fronteiras Invisíveis
introdução
No cenário contemporâneo, marcado pela globalização e incessante evolução tecnológica, o advento do digital tem contribuído com a redefinição das fronteiras que moldam as interações humanas e consequentemente as dinâmicas territoriais. Este trabalho propõe uma reflexão sobre as fronteiras entre corpos e espaços, investigando de que maneira a era digital tem permeado essas barreiras e quais são os impactos resultantes nas formas de habitação, nos fluxos migratórios, e em práticas como o nomadismo e a imigração.
A globalização, como fenômeno subjacente, estabelece uma rede complexa de interconexões que desafia as concepções tradicionais de limites geográficos. Há quem defenda que as fronteiras se tornaram mais porosas e permeáveis, possibilitando a criação de uma “aldeia global”, enquanto outros reconhecem que as contradições entre o externo e o interno aumentaram, tornando os limites mais rígidos e potencializando desigualdades locais. O fato é que nesse contexto, a capacidade de habitar e construir pertencimento em espaços está sofrendo alterações e isso pode ser observado em práticas como o nomadismo digital e na alteração de políticas de imigração em diversos países.
Em paralelo, o corpo humano, agora traduzido em dados, circula pelos espaços digitais globais, transcendendo fronteiras nacionais mas ainda, de certa forma ancorado em espaços físicos específicos. A geografia do espaço habitado no digital, não se limita a fronteiras nacionais, mas abrange um território globalizado onde as interações entre corpos e espaços transcendem barreiras físicas e culturais. Ao mesmo tempo, o espaço físico continua a ser habitado por estes mesmos corpos, com singularidades específicas e contextos locais.
O desafio é compreender a geografia desse espaço habitado nesse ambiente híbrido, onde a realidade é tecida entre o físico e o virtual. Como o corpo, agora convertido em informação, reconfigura a geografia do espaço? Como navegar nesse território fluido onde as fronteiras, antes delineadas apenas por limites físicos, tornam-se fluidas e virtualmente permeáveis?
Este trabalho busca provocar uma reflexão profunda sobre como a sociedade contemporânea concebe e habita o espaço. Busca-se não apenas compreender o presente, mas também antecipar as tendências futuras em um mundo onde o corpo, antes confinado somente ao físico, agora se projeta como uma entidade digital em um espaço global habitado por dados e ao mesmo tempo gera impactos profundos no espaço físico.
objetivos
OBJETIVO geral
O objetivo geral da exposição é pesquisar, discutir e evidenciar sobre como o digital tem influenciado as fronteiras invisíveis entre corpos e/ou espaços e quais são os possíveis impactos nas dinâmicas territoriais. Fluxos migratórios, formas de habitação e práticas como nomadismo e imigração têm sofrido alterações. Em um mundo onde o corpo se torna um dado, como estudar a geografia do espaço habitado no digital?
OBJETIVOs específicos
1 – Refletir sobre como as dinâmicas territoriais, incluindo fluxos migratórios, formas de habitação e práticas de nomadismo e imigração, têm evoluído em resposta às transformações digitais e à globalização.
2 – Investigar como a percepção de fronteiras, tanto físicas quanto virtuais, é moldada pelas interações digitais e como isso pode afetar a construção de identidade e pertencimento. Questionar se as relações sociais estabelecidas no espaço digital influenciam as interações offline, considerando se essas conexões digitais têm reflexos tangíveis nas comunidades físicas.
3 – Identificar e analisar as fronteiras invisíveis que surgem no espaço, considerando como as interações online impactam a percepção e experiência do espaço, tanto individual quanto coletivamente.
4 – Questionar como as redes sociais e plataformas digitais têm contribuído para a formação de comunidades virtuais e como essas comunidades influenciam as interações espaciais.
5 – Examinar como as tecnologias digitais têm influenciado as formas de habitação e as implicações dessas mudanças nas estruturas “tradicionais” de moradia.
6 – Investigar as características e impactos do nomadismo digital, considerando como as pessoas que trabalham remotamente e vivem uma vida nômade influenciam as dinâmicas territoriais e as noções de pertencimento.
7 – Investigar como as percepções individuais e coletivas do espaço digital influenciam a construção de identidades, relações sociais e a formação de comunidades virtuais. Investigar se as comunidades online contribuem para a preservação e disseminação de identidades culturais em um contexto digital, especialmente em comunidades diaspóricas.
8 – Antecipar e discutir possíveis tendências futuras nas dinâmicas digitais e territoriais, considerando avanços tecnológicos emergentes e mudanças socioculturais. Analisar como os espaços de trabalho virtuais influenciam as práticas laborais e a mobilidade profissional em um mundo cada vez mais digital.
9 – Refletir sobre como a globalização influencia a formação de comunidades virtuais e/ou físicas que transcendem fronteiras nacionais, unindo e/ou desunindo pessoas independentemente da localização geográfica.
10 – Refletir sobre como as políticas de imigração mudaram ao longo dos anos e se existe alguma relação disso com a evolução tecnológica e a globalização.
justificativa
O trabalho propõe-se a investigar e promover reflexão sobre as profundas modificações nas relações espaciais e sociais em face a intensificação da globalização e do avanço do digital. Em um contexto onde as fronteiras entre o físico e o virtual se tornam cada vez mais tênues, é preciso compreender como tais transformações influenciam a dinâmica entre corpos e espaços.
A compreensão dessas mudanças é fundamental diante das crescentes transformações nas práticas cotidianas, nos fluxos migratórios, nas configurações de habitação e nas expressões identitárias. O mundo digital não apenas replica as fronteiras físicas, mas também cria novas barreiras e oportunidades, influenciando a construção de comunidades, a disseminação de culturas e a formação de identidades, o que nos leva a repensar as formas como vivemos, nos movemos e nos relacionamos no espaço.
Este trabalho contribui para a reflexão crítica sobre a natureza mutável das fronteiras. Além disso, visa fornecer desdobramentos valiosos para a compreensão das implicações sociais, culturais e territoriais dessa transformação, influenciando debates acadêmicos e contribuindo para a formulação de políticas mais alinhadas com a realidade contemporânea, fornecendo uma base crítica para a análise das interações entre o digital, a globalização e as dinâmicas territoriais. Diante disso, promove reflexões relevantes para diversos campos, desde estudos culturais até a criação de políticas públicas.
espaço expositivo
Concepção espacial
O Sistema Expositivo apresenta soluções que se adaptam para acomodar e receber diferentes tipos de trabalhos ou até mesmo se conformarem enquanto locais de permanência e/ou elementos cenográficos. Além disso, os materiais selecionados são de fácil acesso, com formas simplificadas. A ideia é que o sistema possa se adaptar também a diferentes locais e contextos podendo ser facilmente construído sem a necessidade de realizar importações e exportações e oferecer mais possibilidades.
Uma outra questão é provocar uma ideia de itinerância e impermanência, como se a qualquer momento a exposição pudesse se mover ou deslocar e isso poderia ser facilmente realizado. Diante disso, a estrutura apresenta diversos elementos como rodas e sistemas de encaixe visíveis.
Diretrizes gerais: Sistema flexível, adaptável ao local a ser implementado e às obras a serem recebidas, modular, materiais de fácil acesso, permeabilidade visual mas ao mesmo tempo ideia de barreira.
Referências
A estrutura do Espaço Expositivo tem como referência principal dispositivos utilizados como barreiras físicas para delimitações geográficas, dispositivos utilizados para transporte de mercadorias e tendas comumente utilizadas por alguns povos nômades e/ou em campos de refugiados.